Qual é a utilidade da filosofia na sala de
aula? (*)
A filosofia e os filósofos
parecem ser vistos pela sociedade, pelo senso comum, como uma chatice, algo sem
nenhuma utilidade. Lamentavelmente também alguns pensadores adotaram uma
postura destrutiva em relação à filosofia.
Arthur Schopenhauer (1788-1860),
filósofo alemão, afirmava sobre os filósofos docentes nas universidades, que se
tratavam de professores que falavam difícil para impressionar os alunos.
Outro exemplo, a crítica de Karl
Marx (1818-1883), afirmando que os filósofos até hoje se preocuparam apenas em
interpretar o mundo, sem se preocupar, porém, em transformá-lo.
Vale esclarecer: Marx está se
referindo a um determinado tipo de filósofo, ou a um determinado tipo de
filosofia – aquele que em nada contribui para o desenvolvimento da humanidade.
Mas então, qual seria a natureza
do trabalho filosófico? Antes, o que é a filosofia?
Filosofia não é matéria de
conhecimento, em todas as outras disciplinas temos algo a aprender, mas na
filosofia não é assim.
Vergez (1987) afirma que: “se
alguém espera da filosofia um conjunto de conhecimentos precisos e certos,
bastando tão-somente adquiri-los, sua decepção será completa”.(p.23).
Filosofia é procura e não posse,
filosofia é constante pergunta, questionamento. Portanto, o trabalho filosófico
é um trabalho de reflexão.
O filósofo é aquele (a) que busca
a sabedoria, ou que procura ser amigo da sabedoria. Ele não é o homem das
respostas, mas das perguntas.
E ainda, ele lida com idéias que
não são traduzíveis em coisas concretas, tais como o conceito de ‘verdade’ ou
de ‘bem’.
Uma das características
importantes da filosofia é a preocupação com a verdade.
As questões filosóficas podem
muito bem ficar sem respostas, ou podem mesmo propiciar polêmicas intermináveis,
como geralmente ocorre.
Assim, a filosofia é a reflexão
da reflexão. Através do filosofar, podemos saber mais sobre a nossa capacidade
reflexiva.
Mas então voltamos a pergunta:
Qual é a importância dessa reflexão como disciplina na sala de aula?
A resposta é simples, mas
essencial. Sem refletir não poderíamos ser livres.
Agir sem refletir significa não
ser dono das próprias ações. Essa é a diferença entre nós e os robôs. Eles não
possuem poder de reflexão e por isso mesmo eles não podem escolher por si
mesmos (o que vai fazer e quando fazer?). E você, tem se comportado como robô ultimamente?
A filosofia pode ser vista como
uma ferramenta essencial para a nossa liberdade.
É a liberdade do pensar
(diferente, de ser original), do refletir, que nos leva a agir livremente.
O exercício da liberdade pressupõe
que reflitamos sobre as nossas vidas, as nossas ações, as pessoas que nos
rodeiam, o país em que vivemos, as regras da comunidade a qual pertencemos, e
as informações verdadeiras ou falsas que obtemos (seja pela mídia, ou através das pessoas com quem nos relacionamos).
Será que nós, jovens, nos
interessamos pelos problemas do nosso bairro, da nossa escola e do nosso país? Somos
também responsáveis por um planeta mais limpo, isto é, menos poluído? O que
estamos fazendo para tornar o mundo mais justo?
Falando de planeta mais limpo e,
para tranqüilizar nossas consciências, lhes pergunto: a escola faz parte do
planeta? Já sei que você (leitor assíduo deste blog) sabe a resposta. Fico
indignado porque a maioria dos jovens vão responder: “Não sujo o planeta”. Porém
se contradizem quando os mesmos sujam as carteiras da sala de aula, jogam lixo
no chão. Quando termina o intervalo (às 10h50min.), o pátio está uma lixeira
transbordante. Aí vem os pombos, comem os restos (estes produzem piolhos). Sem
falar de outros bichos (como ratos e baratas).
Portanto, a filosofia na sala de
aula é a oportunidade que os alunos têm de entrar em contato com essa reflexão
da reflexão, a assim poder agir com liberdade.
(*) Texto adaptado de Kênia Hilda Moreira (mestranda em educação escolar pela UNESP, e professora de Introdução à filosofia da UNIFAN de Goiás)
Nenhum comentário:
Postar um comentário