sábado, 4 de julho de 2015

Uma existência sem sonhos/metas, torna-se vazia de sentido. (Claudio Gomes)

Por uma escola mais dinâmica e acolhedora!

            Desenvolvi recentemente (23/jun.) o projeto “Filosofia, música e dança” com os alunos do 3º ano do ensino médio (turmas A, B, C). Além dos objetivos traçados – Protagonismo juvenil, exercício da autonomia, respeito às diferenças e o trabalho em equipe, foi constatado um número bem expressivo de jovens talentos, camuflados na escola (Moacyr Campos). Habilidade para tocar instrumentos, cantar, dançar, liderar, criar.
            Quantos vezes mantemos nosso foco mais no controle da disciplina dos corpos e ignoramos seu potencial para criar e expressar-se criticamente. Vislumbro uma realidade ainda muito utópica, mas acredito que o trabalho com projeto nos abre novos horizontes.
            Outros desafios estão lançados: o trabalho interdisciplinar, a divisão de tarefas (por equipes), o espírito de liderança, o gosto pela leitura/pesquisa. Penso que a escola deve repensar a sua prática. Os temas abordados devem ser discutidos democraticamente, isto é, com a presença e participação dos alunos e seus responsáveis. Até porque, a educação é dever de todos. Família e Estado devem ser parceiras.  
            Agradeço a todos os alunos que, direta ou indiretamente se dedicaram ao máximo nessa experiência pedagógica – o trabalho com projeto. O aluno gosta de ser ouvido, consultado. Por isso ele deixou de ser mero figurante, passando a atuar como protagonista de sua história, ninguém poderá apagar de sua memória as experiências obtidas, desde aquelas referentes ao trabalho de pesquisa (de grandes pensadores como Friedrich Nietzsche, Espinosa, Merleu-Ponty, Jonh Stuart Mill, entre outros.), não tanto prazerosa, até aquelas mais envolventes como a música e a dança. Os laços criados entre colegas de outras salas e professores envolvidos. Tudo isso marca.
            Se a escola trabalha apenas a mente, o intelecto do aluno, o seu corpo se rebela, pois está cheio de adrenalina, precisa canalizar sua energia acumulada, não através da indisciplina, mas criando, produzindo arte, pensando algo que possa fazer para um mundo mais habitável (com menos conflitos e violência – gerados pelo preconceito e prática de bulliyng). Precisamos incutir no aluno: “Preservar o planeta (consumindo menos) é responsabilidade de todos”!

            Para que tais desafios possam ser concretizados por nós educadores, precisamos ser parceiros, mediadores e disponíveis ao diálogo. Recomendo a qualquer colega professor que ler esse texto: leia o livro “Seja o professor que você gostaria de ter” (Serrano Freire, Editora Wak). Aos meus alunos, recomendo: “Você é do tamanho de seus sonhos” (César Souza, Editora Gente).

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Algumas definições de Filosofia (1º anos e...)

O que é filosofia?*

Do grego philosophia (philos = amante/amigo, sophia=saber) derivou-se a palavra filosofia. Mas foi
“Aristóteles, o primeiro a pesquisar rigorosamente e sistematicamente a natureza desta disciplina, diz
que a filosofia estuda as causas ultimas de todas as coisas’. (MONDIN, 1981).

Aristóteles:”É evidente que a sabedoria [sofia] é uma ciência sobre os princípios e causas.”; “…foi pela
admiração que os homens começaram a filosofar…”

A. Gramsci: “não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filósofo, que não pense precisamente, porque pensar é próprio do homem com tal.”

Para Gerd Bornheim, pensador brasileiro a Filosofia é:“O resultado da atividade da razão humana que se defronta com a totalidade do real”.

Marilena Chauí, Pensadora brasileira define os traços da atividade filosófica como:“Tendência à racionalidade… Recusa das explicações estabelecida… tendência à argumentação e ao debate para oferecer respostas conclusivas para questões… Capacidade de generalização.”(p.27)E destaca que a
filosofia é: “Fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas.” (p.23).

Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins (Professoras brasileiras) em
Filosofando: Introdução à filosofia afirmam que:“…A filosofia é sobretudo uma atitude, um pensar permanente. É um conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o saber instituído.” (p.72)Maria Lúcia Arranha e Maria Helena Pires  indicam em Temas de Filosofia que:“Ela é, antes de mais nada um modo de se colocar diante da realidade, procurando refletir sobre os acontecimentos a partir de certas posições teóricas. Essa reflexão permite ir além da pura aparência dos fenômenos, em busca de suas raízes e de sua contextualização em um horizonte amplo”. (Temas de Filosofia, Aranha, p.77).

Antônio Xavier Teles afirma que:“…A atividade filosófica mais importante consiste no esforço sincero e
na procura inteligente de soluções para os problemas que afligem a época em que vivemos… O interesse primordial da filosofia é com os problemas não resolvidos.” (p.7).

Arcângelo R. Buzzi indica que (Pensador brasileiro):“Subjetivamente a filosofia consiste no esforço de
avivar a luz natural permanente ao nosso ser. Recordar a sabedoria da vida não é acumular informações
eruditas nem muito saber. É voltar-se para a luz que já somos. É a arte de pensar por nós mesmos. É um pensar autocorretivo, que investiga a si mesmo com o propósito de pensar melhor.”(p.8)

A filosofia para Agostinho José Soares (pensador brasileiro):“…na antiga Grécia. preocupava-se com
os princípios primeiros de nossa existência e da realidade total (In: V.V.A.A, Introdução ao Pensamento
Filosófico, p.13).…A cada conclusão no exercício filosófico , corresponde a uma nova dúvida, e a cada
dúvida um problema. Portanto, refletir filosoficamente é refletir extensa e intensamente” (p.15)“…Quando
pensamos refletidamente (pensar é agir interiormente, operacionalizar internamente) estamos fazendo
filosofia” (p15).… “Então quando é que fazemos reflexão filosófica? Será quando nossa reflexão for
radical (buscar a origem do problema), crítica (colocar o objeto do conhecimento em um ponto de crise)
e total (inserir o objeto da nossa reflexão no contexto do qual é conteúdo)” (p.22).


Gianfranco Morra (pensador Italiano) destaca que a filosofia considera “os objetos da experiência, mas não se limita à experiência ou a soma das experiências. A filosofia é muito mais um modo diverso e inconfundível de entrar em contato com a experiência, é uma tentativa de ultrapassar a experiência imediata para colher algo de maior e mais profundo” (Morra, p.12).Morra indicando que “a experiência não pode ir além: ela é incapaz de superar o plano descritivo da imagem. É somente o intelecto – órgão do conhecimento filosófico – que pode obter, com uma abstração mental o conceito de ‘cera’, que permanece sempre idêntico apesar das transformações do pedaço de cera”. (Morra, p.13)                                                                                 Neste sentido considera-se que a filosofia é um “saber sintético”. “Por definição a filosofia é um conhecimento do absoluto, ainda que se tenha consciência de que o absoluto é inexaurível e todo nosso conhecimento
dele, incompleto.” (Morra, p.13) Morra considera ainda que a filosofia é essencialmente um “saber crítico”, que “não possui um objeto específico” (Idem).“A filosofia é crítica enquanto refuta a evidência imediata. É uma mediação crítica. (Idem,15).

Para Roberto Rossi: (pensador Italiano)“ sem o poder de despertar surpresas em nós, a filosofia jamais teria nascido, nem o pensar e, conseqüentemente, nem a descoberta, a vontade de pesquisar, as tentativas de solução, o próprio
mundo da cultura e da história humana” (Rossi, p.10).“Filosofar não é simplesmente dar uma opinião, mas fundamentar, objetiva e universalmente, as próprias teses, argumentando a partir delas, para sistematizá-las em coerência com as leis do pensamento e as averiguações esperimentais”(p.13)“…A Filosofia fundamenta tanto o próprio conhecer como as próprias decisões práticas. Ela, na verdade, expressa no seu raciocinar, na sua reflexão, as suas argumentações.


Miguel Reale (pensador e jurista brasileiro) destaca que a filosofia:“…Procura sempre resposta a perguntas sucessivas …numa busca incessante de totalidade de sentido, na qual se situem o homem e o cosmos.” (Introdução à Filosofia, Reale, p.4).“A filosofia é…um conhecimento que converte em
problema os pressupostos da ciência” (p.7).“Eis aí uma noção geral do que entendemos por filosofia, como estudo das condições últimas, dos primeiros princípios que governam a realidade natural e o mundo moral, ou compreensão crítico-sistemática do universo e da vida”. (p.8).

Gilles Deleuze e Félix Guattari (pensadores franceses) apresentam em “O que é Filosofia?” uma
definição espantosa:“A filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos.” (O
que é Filosofia, Deleuze, p.13). Não acreditando que a filosofia seja contemplação, reflexão ou
comunicação, os autores destacam que a filosofia seja “conhecimentos por puros conceitos” (15). (DO SITE GEOCITIES)

Para Nietzsche, filósofo contemporâneo, “a filosofia, como a compreendi e a vivi até agora, é vida voluntária no meio do gelo e nas altas montanhas – é a busca de tudo o que é estranho e duvidoso na existência, de tudo o que foi até agora proscrito pela moral”.

Segundo Cícero, Sócrates fez com que a filosofia descesse do céu à terra e se interessasse pela vida e pelos costumes, pelos bens e pelos males. Entendia que as perguntas são mais importantes do que as respostas, entende-se então que filosofia é um constante debate, confronto de idéias (dialética).

Emmanuel Kant (filósofo alemão da época moderna) não podemos ensinar filosofia, mas a filosofar.

Finalizo com uma citação do Livro O Mundo de Sofia: “A capacidade de nos surpreendermos é a única coisa de que precisamos para nos tornarmos bons filósofos (…) E agora tens que te decidir, Sofia: és uma criança que ainda não se habituou ao mundo? Ou és uma filósofa que pode jurar que isso nunca lhe
acontecerá?… Não quero que tu pertenças à categoria dos apáticos e dos indiferentes. Quero que vivas a tua vida de forma consciente.”


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Introdução à Filosofia - 1º ano ( Ensino Médio )

A Filosofia na história – A Filosofia e o pensamento conceitual

A palavra filosofia já foi definida de várias fomas. A palavra, filosofia, de origem grega, é composta de philos, que designa amigo, amante; e Sophia, significa sabedoria. O significado de filosofia, portanto, é amor ou amizade pela sabedoria. Se a filosofia é um amor pela sabedoria, isso quer dizer que ela não é “a” sabedoria, mas sim uma relação com o saber, que implica um movimento de construção e de busca da sabedoria.
A filosofia é, portanto, um movimento daquele que não sabe em direção a um saber; é uma vontade de conhecer a si mesmo e ao mundo.
Na reflexão em busca do conhecimento, a filosofia elabora conceitos. Para começar a compreender o que são conceitos, pense no que significa para você a idéia de democracia. Faça você mesmo algumas perguntas:

-    O que é democracia?
-     A que contextos ela se aplica? 
-     As relações familiares em que vivo são democráticas? E na escola?
-    Deve haver um limite para a liberdade democrática?
-     Será que a democracia tem alguma relação com a filosofia?
-     A idéia de democracia é algo pronto e definitivo ou muda conforme o lugar e a época?

Ao fazer a si mesmo essas perguntas, você está praticando a reflexão filosófica e reunindo elementos que podem ajudá-lo a elaborar um conceito, o conceito de democracia.
Nos dicionários é possível encontrar muitas definições da palavra democracia. O conceito é algo diferente, é uma elaboração própria, que envolve reflexão e modifica quem a realiza.
Os conceitos não estão prontos e acabados, mas estão sempre sendo criados e recriados de acordo com as circunstâncias, de acordo com as necessidades, dependendo dos problemas enfrentados a cada momento.
Cada filósofo cria seus próprios conceitos ou recria conceitos de outros filósofos. Procure ler e, se possível anotar (no caderno), o conceito de Dialética em Platão, Hegel e Karl Marx.
         “A Filosofia é a arte de formar, de inventar, de fabricar conceitos”. ( Gilles Deleuze & Félix Guattari )
Pensamos quando nos deparamos com um problema (ex. o racionamento da água em SP). O exercício do pensar produz transformações em nossas vidas. Quando pensamos, já não somos mais os mesmos. Exige de nós postura ética, responsabilidade por nossos próprios atos. Estamos beneficiando alguém? Ou: Contribuímos para um mundo sustentável? De que forma?
Mas, praticar a Filosofia não é privilegio apenas dos filósofos. Todos (homens e mulheres) podem filosofar. Segundo o filósofo italiano Antonio Gramsci, “todos os homens são filósofos”, na medida em que todo ser humano, de uma forma mais ou menos intensa e duradoura, pensa sobre os problemas que enfrenta em sua vida. De certo modo, todo ser humano se utiliza de conceitos, ou até mesmo os formula, em alguns momentos de sua vida.
         Foi por meio do exercício do pensamento que o ser humano transformou-se a si mesmo e ao mundo.
        

                   Fonte: “Filosofia – experiência do pensamento. Sílvio Gallo.           Ed. Scipione. P. 12 e 13)