terça-feira, 21 de outubro de 2014

Valores morais

sábado, 4 de outubro de 2014

A Leitura de Textos Filosóficos

Devido às dificuldades culturais e lingüísticas dos estudantes, alguns não sabem ler, ou melhor, não compreendem aquilo que lêem. Outro problema é a falta de hábito de ler. O desafio está lançado: cabem a nós, professores, desenvolver, no interior do próprio ato de leitura, as habilidades e competências requeridas para uma leitura edificante.
A leitura tem o poder de despertar em nós regiões que estavam até então adormecidas.
“Nos meios de comunicação se ouvem queixas sobre o tema: ‘os jovens não lêem mais’, ‘é preciso ler’, até mesmo ‘deve-se amar a leitura’”. ( Michele Petit – Os jovens e a leitura. Editora 34.2010. P.18). Segundo Michele, a leitura de livros pode ajudar os jovens a serem mais autônomos. E prossegue: “a leitura desperta o espírito crítico, que é a chave de uma cidadania ativa”. (p.27)
Segundo Lidia Maria Rodrigo, autora do livro Filosofia em sala de aula, um dos exercícios mais solicitados pelos professores nas escolas é o resumo do texto. Mas, para Lídia, esse não é um ponto de partida adequado. “É preciso lembrar que a análise deve anteceder a síntese.
A autora de Filosofia em sala de aula nos dá algumas dicas de como ler textos filosóficos: “No nível médio, a leitura analítica ou estrutural poderia ser simplificada, basicamente em três etapas (p.73s):
1) Esclarecimento semântico e conceptual – É uma etapa preliminar, em que se busca a significação dos termos e conceitos desconhecidos, podendo-se, para tanto, recorrer aos dicionários (de português e de filosofia). Um dicionário acessível ao aluno de ensino médio seria: Dicionário básico de filosofia, autores: Japiassu & Marcondes (1996),
2) Estruturação lógica do raciocínio – Trata-se de elaborar um esquema, apresentando a estrutura discursiva do texto, mediante a elaboração de uma espécie de índice dos vários tópicos abordados, segundo sua estrutura lógica. Boa parte dos textos filosóficos admite uma divisão em três etapas redacionais: introdução, desenvolvimento e conclusão.
A esquematização desses três momentos permite a visualização do raciocínio do texto em sua globalidade, isto é, o encadeamento dos conceitos e idéias (na construção dos argumentos).
3) Visão sintética do texto – Depois da leitura analítica, que culmina na esquematização do raciocínio, pode-se construir uma visão sintética e global, determinando:
ü      Tema: qual o assunto ou tema do texto?
ü      Problema: qual a grande pergunta do autor ou problema central?
ü      Tese: qual a idéia central ou tese que responde à questão posta pelo autor?

Texto: “Pensamentos” – Pascal
            346 O pensamento faz a grandeza do homem.
            347 O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água, bastam para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre ele; o universo desconhece tudo isso.
Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. Daí é que é preciso nos elevarmos, e não do espaço e da duração, que não poderíamos preencher. Trabalhemos, pois, para bem pensar; eis o princípio da moral.
            348 Caniço pensante – Não é no espaço que devo buscar minha dignidade, mas na ordenação de meu pensamento. Não terei mais possuindo terras; pelo espaço, o universo me abarca e traga como um ponto; pelo pensamento, eu o abarco.