terça-feira, 16 de dezembro de 2014
domingo, 23 de novembro de 2014
Falando sobre o projeto “Filosofia e Rock no Mocam”
Ao perceber que alguns alunos traziam seus violões
para a escola e ficavam tocando e cantando durante o horário do intervalo, não
pensei duas vezes em convidá-los para uma participação especial em um mini-projeto
intitulado “Filosofando com nossos pais na escola”, realizado no 3º bimestre
com os alunos de minha sala de coordenação 1º E.
A experiência foi tão boa que resolvi
desenvolver um novo projeto com as duas salas dos alunos que tiveram participação
especial naquele outro, são as turmas “A” e “C” do 2º ano. Após a leitura de um
artigo da revista Filosofia Ciência e Vida (jul./2014), abordando sobre os
pontos de convergência entre a filosofia e o rock, resolvi desenvolver um
projeto interdisciplinar, envolvendo as disciplinas filosofia, sociologia e
história. As aproximações entre filosofia e o rock são inúmeras. No entanto
daremos ênfase à característica principal de ambos: a crítica, algo que também
é inerente da personalidade do jovem. É bom lembrar a todos que Sócrates tem
como característica principal que o aproxima do rock a provocação. Sócrates era
um provocador. Precisamos despertar em nossos jovens alunos o espírito
provocativo e questionador.
Antônio Carlos e Milton Fernandes, no
livro “Movimentos culturais de juventude”, escrevem: “Como muitos outros jovens
norte-americanos do seu tempo, Bob Dylan mostrava-se desencantado com o mundo
que os homens construíram – olhando a sua volta, lendo jornais e vendo
noticiários da tevê, ele sentia que as coisas não estavam tão maravilhosas como
as pessoas no poder apregoavam.” (p.53). Apesar de já transcorrido 40 anos ,
onde a revista RollingStone publicou recentemente uma edição comemorativa dos
40 anos após a morte desse grande ícone do rock. Constatamos que muita coisa
ainda resta por fazer. Falamos de direitos humanos, mas muitos direitos básicos
ainda são negados, seja na área da saúde, da segurança, do transporte público
de qualidade, só para citar alguns.
Prossegue os professores Antônio Carlos
e Milton Fernande: “Ouvir rock, informar-se sobre as idéias e atitudes de seus
músicos, tentando tocar e ser como eles, tornou-se uma forma de contestar, de
procurar um novo objeto, um novo ideal.” (idem, p.104). Penso que uma das
atribuições nossas como educadores é sermos motivadores de sonhos. Esse
projeto, no início pareceu muito utópico, mas devido a persistência de todos
aqueles envolvidos – professores, alunos e funcionários deixou o plano mental,
esboçado no papel, para materializar-se e ganhar vida nesta última semana, do
penúltimo mês do ano letivo de 2014.
Os trabalhos serão apresentados
intercalando-se: exposição de pesquisas de diversos temas e contextualização do
rock, seguida de apresentação musical da banda, composta por alunos do 2º ano
“A” e “C”.
terça-feira, 21 de outubro de 2014
sábado, 4 de outubro de 2014
A Leitura de Textos Filosóficos
Devido às dificuldades culturais e lingüísticas dos
estudantes, alguns não sabem ler, ou melhor, não compreendem aquilo que lêem.
Outro problema é a falta de hábito de ler. O desafio está lançado: cabem a nós,
professores, desenvolver, no interior do próprio ato de leitura, as habilidades
e competências requeridas para uma leitura edificante.
A leitura tem o poder de despertar em nós regiões que
estavam até então adormecidas.
“Nos meios de comunicação se ouvem queixas sobre o tema: ‘os
jovens não lêem mais’, ‘é preciso ler’, até mesmo ‘deve-se amar a leitura’”. (
Michele Petit – Os jovens e a leitura. Editora 34.2010. P.18). Segundo Michele,
a leitura de livros pode ajudar os jovens a serem mais autônomos. E prossegue:
“a leitura desperta o espírito crítico, que é a chave de uma cidadania ativa”.
(p.27)
Segundo Lidia Maria Rodrigo, autora do livro Filosofia em
sala de aula, um dos exercícios mais solicitados pelos professores nas escolas
é o resumo do texto. Mas, para Lídia, esse não é um ponto de partida adequado.
“É preciso lembrar que a análise deve anteceder a síntese.
A autora de Filosofia em sala de aula nos dá algumas dicas
de como ler textos filosóficos: “No nível médio, a leitura analítica ou
estrutural poderia ser simplificada, basicamente em três etapas (p.73s):
1) Esclarecimento semântico e conceptual – É uma etapa
preliminar, em que se busca a significação dos termos e conceitos
desconhecidos, podendo-se, para tanto, recorrer aos dicionários (de português e
de filosofia). Um dicionário acessível ao aluno de ensino médio seria:
Dicionário básico de filosofia, autores: Japiassu & Marcondes (1996),
2) Estruturação lógica do raciocínio – Trata-se de elaborar
um esquema, apresentando a estrutura discursiva do texto, mediante a elaboração
de uma espécie de índice dos vários tópicos abordados, segundo sua estrutura
lógica. Boa parte dos textos filosóficos admite uma divisão em três etapas
redacionais: introdução, desenvolvimento e conclusão.
A esquematização desses três momentos permite a visualização
do raciocínio do texto em sua globalidade, isto é, o encadeamento dos conceitos
e idéias (na construção dos argumentos).
3) Visão sintética do texto – Depois da leitura analítica,
que culmina na esquematização do raciocínio, pode-se construir uma visão
sintética e global, determinando:
ü
Tema: qual o assunto ou tema do texto?
ü
Problema: qual a grande pergunta do autor ou
problema central?
ü
Tese: qual a idéia central ou tese que responde
à questão posta pelo autor?
Texto: “Pensamentos” – Pascal
346 O
pensamento faz a grandeza do homem.
347 O homem
não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não
é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de
água, bastam para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria
ainda mais nobre do que quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o
universo tem sobre ele; o universo desconhece tudo isso.
Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. Daí é
que é preciso nos elevarmos, e não do espaço e da duração, que não poderíamos
preencher. Trabalhemos, pois, para bem pensar; eis o princípio da moral.
348 Caniço
pensante – Não é no espaço que devo buscar minha dignidade, mas na ordenação de
meu pensamento. Não terei mais possuindo terras; pelo espaço, o universo me
abarca e traga como um ponto; pelo pensamento, eu o abarco.
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