sábado, 30 de março de 2013

O que você faz com a sua liberdade?

A liberdade só está eticamente correta quando pautada na responsabilidade, que é o núcleo da ação moral.

sábado, 16 de março de 2013

Conhecendo a biografia de um grande pensador


Aspectos Biográficos de Grandes Filósofos

Biografias de Grandes Pensadores (*)


BERTRAND RUSSELL (1872 – 1970)

Filósofo e matemático inglês, prof da Universidade de Cambridge.
Destacou-se não só por sua obra em Lógica, Filosofia da Matemática e Filosofia da Linguagem, mas também por seu ativismo político (voto feminino; combate às aramas nucleares e à Guerra Fria) e por seus projetos educacionais.
Seu pensamento representa uma reação tanto ao Idealismo do Filósofo Hegel, quanto ao Empirismo derivado da filosofia de John Stuart Mill.
Suas principais obras são: A Critical Exposition of the Philosophy of Leibniz, 1900 (Exposição Crítica da Filosofia de Liebniz) e The Principles of Mathematics (Os Princípios da Matemática, 1903).
Foi considerado um dos iniciadores da Filosofia Analítica (esta se caracteriza pela concepção de que a Lógica e a Teoria do significado ocupam um papel central na Filosofia).
Sua teoria das descrições apresenta um método para o estabelecimento da estrutura lógica da linguagem comum, bem como sua filosofia do atomismo lógico, forneceram alguns dos principais modelos de análise da linguagem, adotados e discutidos pela tradição analítica.
É de grande importância também a contribuição de Russell à Filosofia da Linguagem, tendo influenciado o pensamento de Wittgenstein (e de vários outros filósofos e lógicos, principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos).

Fonte: Dicionário Básico de Filosofia. Autores: Hilton Japiassú & Danilo Marcondes. Jorge Zahar Editor. P.238.

(*) Professor Claudio:“ Ao apresentar esta breve pesquisa biográfica, espera-se que os leitores (sobretudo os alunos do 1º do Ensino Médio) percebam a grande importância e contribuição dos Filósofos para, não somente a formação do pensamento crítico, mas também do conhecimento científico”.


Os Problemas da Filosofia*

Bertrand Russell

Tradução: Jaimir Conte

            Nesta obra, Russell, ao abordar sobre os problemas da Filosofia, dedica um capítulo (15), para demonstrar o valor da Filosofia e por que se deve estudar tal disciplina.

CAPÍTULO XV
O Valor da Filosofia

            Segundo Russell, muitos homens, sob a influência da ciência e dos negócios práticos, propendem (tendem ) a duvidar se a Filosofia é inútil passatempo (...).
            As ciências físicas, por meio de invenções, são úteis para inumeráveis pessoas que a ignoram completamente.
            É em seus efeitos que se deve procurar o valor da filosofia.
            Antes de determinar o valor da Filosofia, devemos em primeiro lugar libertar nossas mentes dos preconceitos dos que são incorretamente chamados homens práticos.
            O homem prático é alguém que reconhece apenas necessidades materiais (alimento para o corpo), esquecendo-se que é necessário prover alimento para o espírito.
            É entre os bens do espírito que o valor da filosofia deve ser procurado.
            A Filosofia, como todos os outros estudos, visa em primeiro lugar o conhecimento.
            A Filosofia não tem alcançado grande êxito na sua tentativa de fornecer respostas definitivas a seus problemas, diferentemente de outras ciências ( matemática, história...). Isso se explica pelo fato de que, mal se torna possível um conhecimento preciso naquilo que diz respeito a determinado assunto, este assunto deixa de ser chamado de filosofia, e torna-se uma ciência específica.
            Todo o estudo dos corpos celestes, que hoje pertence à Astronomia, se incluía outrora na Filosofia; o estudo da mente humana, que era parte da filosofia, está hoje separado da filosofia e tornou-se a ciência da Psicologia.
            Assim em grande medida, a incerteza da filosofia é mais aparente do que real: aquelas questões para as quais já se tem respostas positivas vão sendo colocadas nas ciências, ao passo que aquelas para as quais não foi encontrada até o presente nenhuma resposta exata, continuam a constituir esse resíduo a que é chamado Filosofia.
            O valor da Filosofia não depende de um suposto corpo de conhecimento definitivamente assegurável, que possa ser adquirido por aqueles que a estudam.
            O Valor da Filosofia deve ser buscado na sua própria incerteza.
            (...) **

            * 1912, Oxford University Press, 1959, reimpresso em 1971-2
      
       ** Para ler este texto na íntegra, consultar fonte abaixo:
  www.cjh.ufsc.br/~wfil/jaimir.html 
Ou ainda: www.eemocam.com.br (link: matérias - Filosofia - textos de filosofia)

No que você dá Valor?


Estamos sempre atribuindo valor às coisas, que tal dar valor àquilo que não damos valor?

O Valor da Filosofia

É comum as pessoas perguntarem: para que serve a filosofia? Segundo a filósofa Marilena Chaui, "em nossa sociedade costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática muito visível e de utilidade imediata".
É bom que todos saibam que, quando começamos a filosofar nos damos conta de que até as coisas mais ordinárias conduzem a problemas para os quais somente respostas muito incompletas podem ser dadas. Vários exemplos do cotidiano comprovam essa ideia. Cito apenas uma: - Alguém fica doente, procura uma médico, este o encaminha para um especialista (de olhos, joelho, estômago,etc.).
O filósofo inglês Bertrand Russell ("Os Problemas da Filosofia") afirma: "A filosofia, apesar de incapaz de nos dizer com certeza qual é a verdadeira resposta para as dúvidas que ela própria levanta, é capaz de sugerir numerosas possibilidades que ampliam nossos pensamentos, livrando-nos da tirania do hábito.
Há quem diga que uma das causas do divórcio seja a rotina. Mas ser original não costuma ser algo comum. Quem nós copiamos? Poucos buscam sua autonomia. Refletir e criticar, ponderar a situação, discernir. Tais atitudes são filosóficas, porém as pessoas não se dão conta disso. Desenvolver tais habilidades não é tarefa simples. Ademais nossa cultura não incentiva a leitura. Nem a escola educa para pensar criticamente.
Para o grande pensador Bertrand Russell, "o valor da filosofia, na realidade, deve ser buscado na sua própria incerteza". É comum ouvir dos nossos jovens a expressão "Não sei de nada". Se alguns a interpretam como um ato de ignorância, poderíamos discordar:  existe uma dose de sabedoria aí. O patrono da filosofia, Sócrates, vem dar razão aos jovens: "Só sei que nada sei".
É oportuno lembrar (a todos aqueles que imaginam todos os filósofos como sendo ateus) que nem todos os filósofos duvidam da existência de Deus. Russell (no obra citada no terceiro parágrafo deste texto) escreveu: "E até no mundo existente os bens do espírito são pelo menos tão importantes quanto os bens materiais. É exclusivamente entre os bens do espírito que o valor da filosofia deve ser procurado".

sábado, 2 de março de 2013

O empirismo segundo David Hume


O Empirismo

“Empirismo” significa uma posição filosófica que toma a experiência como guia e critério de validade do conhecimento. Deriva do grego empeiria, significa uma forma de saber derivado da experiência sensível e de dados acumulados nas experiências.
O lema do empirismo tem como lema a frase de inspiração aristotélica: “Nada está no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos”. Ou seja, todo o conhecimento deriva de uma base empírica, de percepções ou impressões sensíveis sobre o real.
Os empiristas rejeitam a noção de idéias inatas ou de um conhecimento anterior à experiência ou independente desta.
Um empirista é uma pessoa ou um sistema filosófico que admite o empirismo.
O empirismo surgiu a partir do séc.XVI – juntamente com o Racionalismo.
Os principais filósofos empiristas foram: Francis Bacon (1561-1626), Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704), George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711-1776). Outro considerado empirista é o filósofo John Stuart Mill (1806-1873).
[Para aprofundar os estudos, sugiro a consulta da obra (utilizada aqui): Iniciação à História da Filosofia, de Danilo Marcondes, Jorge Zahar Editor. 2004. PP.176-185]
Já sugeri no primeiro texto deste blog (Os conceitos...) a consulta ao texto do filósofo escocês David Hume (1711-76), intitulado Tratado da Natureza Humana – Da origem de nossas idéias. Apesar de ser encontrado na biblioteca do Mocam (tem aluno que já encontrou). Mas, como são apenas duas apostilas disponíveis (Filosofia & Vida, vol. III), nem todos terão acesso em tempo hábil. Por isso, exponho aqui um resumo do texto proposto:

            Da origem de nossas idéias
            As percepções da mente humana se reduzem a dois gêneros distintos, que são as Impressões e as Idéias. A diferença entre ambas consiste nos graus de força e vividez com que atingem a mente ou o pensamento. (p.38)
            As percepções que entram com mais força e violência podem ser chamadas de impressões; aqui se incluem todas as nossas sensações, paixões e emoções. (idem)
            Denomino idéias as pálidas imagens das impressões no pensamento e no raciocínio. (p.39)
Existe ainda uma segunda divisão entre nossas percepções, que se aplica tanto às impressões como às idéias. Trata-se da divisão em Simples e Complexas. (idem)
            As idéias parecem ser de alguma forma os reflexos das impressões; de modo que todas as percepções da mente são duplas, aparecendo como impressões e como idéias.
Exemplo: - quando fecho os olhos e penso em meu quarto, as idéias que formo são representações exatas das impressões que antes senti. Idéias e impressões parecem sempre se corresponder mutuamente. (p.39)
            (...) Concluo imediatamente que há uma forte conexão entre nossas impressões e ideias correspondentes, e que a existência de umas tem uma influência considerável sobre as outras. (p.40)
            As impressões simples sempre antecedem suas idéias correspondentes, nunca aparecendo na ordem inversa. Para dar a uma criança uma idéia do escarlate ou da laranja, do doce ou do amargo, apresento-lhe os objetos, ou, em outras palavras, transmito-lhe essas impressões; mas nunca faria o absurdo de tentar produzir as impressões excitando as idéias. Nossas idéias, ao aparecerem, não produzem impressões correspondentes; tampouco percebemos uma cor ou temos uma sensação qualquer simplesmente por pensar nessa cor ou nessa sensação. (p.40)

            

A Utilidade da Filosofia na sala de aula


Qual é a utilidade da filosofia na sala de aula? (*)

A filosofia e os filósofos parecem ser vistos pela sociedade, pelo senso comum, como uma chatice, algo sem nenhuma utilidade. Lamentavelmente também alguns pensadores adotaram uma postura destrutiva em relação à filosofia.
Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão, afirmava sobre os filósofos docentes nas universidades, que se tratavam de professores que falavam difícil para impressionar os alunos.
Outro exemplo, a crítica de Karl Marx (1818-1883), afirmando que os filósofos até hoje se preocuparam apenas em interpretar o mundo, sem se preocupar, porém, em transformá-lo.
Vale esclarecer: Marx está se referindo a um determinado tipo de filósofo, ou a um determinado tipo de filosofia – aquele que em nada contribui para o desenvolvimento da humanidade.
Mas então, qual seria a natureza do trabalho filosófico? Antes, o que é a filosofia?
Filosofia não é matéria de conhecimento, em todas as outras disciplinas temos algo a aprender, mas na filosofia não é assim.
Vergez (1987) afirma que: “se alguém espera da filosofia um conjunto de conhecimentos precisos e certos, bastando tão-somente adquiri-los, sua decepção será completa”.(p.23).
Filosofia é procura e não posse, filosofia é constante pergunta, questionamento. Portanto, o trabalho filosófico é um trabalho de reflexão.
O filósofo é aquele (a) que busca a sabedoria, ou que procura ser amigo da sabedoria. Ele não é o homem das respostas, mas das perguntas.
E ainda, ele lida com idéias que não são traduzíveis em coisas concretas, tais como o conceito de ‘verdade’ ou de ‘bem’.
Uma das características importantes da filosofia é a preocupação com a verdade.
As questões filosóficas podem muito bem ficar sem respostas, ou podem mesmo propiciar polêmicas intermináveis, como geralmente ocorre.
Assim, a filosofia é a reflexão da reflexão. Através do filosofar, podemos saber mais sobre a nossa capacidade reflexiva.
Mas então voltamos a pergunta: Qual é a importância dessa reflexão como disciplina na sala de aula?
A resposta é simples, mas essencial. Sem refletir não poderíamos ser livres.
Agir sem refletir significa não ser dono das próprias ações. Essa é a diferença entre nós e os robôs. Eles não possuem poder de reflexão e por isso mesmo eles não podem escolher por si mesmos (o que vai fazer e quando fazer?). E você, tem se comportado como robô ultimamente?
A filosofia pode ser vista como uma ferramenta essencial para a nossa liberdade.
É a liberdade do pensar (diferente, de ser original), do refletir, que nos leva a agir livremente.
O exercício da liberdade pressupõe que reflitamos sobre as nossas vidas, as nossas ações, as pessoas que nos rodeiam, o país em que vivemos, as regras da comunidade a qual pertencemos, e as informações verdadeiras ou falsas que obtemos (seja pela mídia, ou através das pessoas com quem nos relacionamos).
Será que nós, jovens, nos interessamos pelos problemas do nosso bairro, da nossa escola e do nosso país? Somos também responsáveis por um planeta mais limpo, isto é, menos poluído? O que estamos fazendo para tornar o mundo mais justo?
Falando de planeta mais limpo e, para tranqüilizar nossas consciências, lhes pergunto: a escola faz parte do planeta? Já sei que você (leitor assíduo deste blog) sabe a resposta. Fico indignado porque a maioria dos jovens vão responder: “Não sujo o planeta”. Porém se contradizem quando os mesmos sujam as carteiras da sala de aula, jogam lixo no chão. Quando termina o intervalo (às 10h50min.), o pátio está uma lixeira transbordante. Aí vem os pombos, comem os restos (estes produzem piolhos). Sem falar de outros bichos (como ratos e baratas).
Portanto, a filosofia na sala de aula é a oportunidade que os alunos têm de entrar em contato com essa reflexão da reflexão, a assim poder agir com liberdade.

(*) Texto adaptado de Kênia Hilda Moreira (mestranda em educação escolar pela UNESP, e professora de Introdução à filosofia da UNIFAN de Goiás)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Conceitos estruturadores da Filosofia


A Filosofia auxilia o aluno a lançar outro olhar sobre o mundo e a transformar a experiência vivida numa experiência compreendida.
A verdadeira filosofia consiste em reaprender a ver o mundo. (Merleau-Ponty, filósofo)
O professor de filosofia é o mediador entre o educando e o texto filosófico. Mas essa mediação exige duas demandas contraditórias: ele deve ter a capacidade de comunicar didaticamente – de forma acessível ao aluno – o pensamento filosófico e, ao mesmo tempo, de preservar a autenticidade desse pensamento.
Eis o desafio: encontrar algum canal de articulação entre simplificação e complexidade.
O que está em jogo é a autonomia intelectual do aluno. Para atingir esse objetivo o professor de filosofia precisa direcionar seu trabalho no sentido de promover a passagem da simplificação para a complexidade. O instrumento  apropriado para essa transição é o contato direto com os textos filosóficos.
Recomendo aos meus alunos que leiam o texto “Tratado da Natureza Humana” (Da origem de nossas idéias), do filósofo David Hume. Na biblioteca nossa, é só consultá-lo na apostila vol.III (capa verde), Filosofia e Vida, pág.38-42.
À medida que o aluno desenvolve a competência de realizar uma leitura significativa dos textos filosóficos, o profº pode ampliar esse processo oferecendo outros textos de diferentes estruturas e registros, tais como artigo de jornal, poesia, romance, programa de televisão, filme, peça teatral, música, pintura, propaganda, texto científico, etc.
Quero alertar meus alunos: “Não se ensina Filosofia, ensina-se a filosofar”.(Kant)
Uma das competência fundamentais para filosofar é a “Representação e comunicação”, exercitada principalmente por meio do debate, pela defesa dos pontos de vista baseada em argumentos que poderão ser mudados em face a argumentos mais consistentes. Também é importante que o aluno produza por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo (durante a explicação do profº, na aula).
O exercício da reflexão filosófica sobre os temas da existência humana pressupõe a mediação de conceitos e categorias que não brotam espontaneamente. O que é o conceito?
Segundo o dicionário de português (autora Ruth Rocha, Ed. Scipione): 1 – Aquilo que o entendimento concebe. 2 – Idéia, juízo, opinião.
Sendo o conceito uma idéia abstrata e geral sobre algo, quero insistir: “Os conceitos são necessários para o filosofar”. Vejamos um exemplo: “o Absurdo” – o absurdo é a relação pela qual o ser humano percebe, espantado, que não há resposta. (cf. A filosofia e seu ensino – Caminhos e sentidos. Renê Trentin e Roberto Goto [orgs.]. Ed. Loyola).
Ouvimos hoje os que “fazem filosofia” dizerem: não há a verdade, mas verdades; não há senão discursos, ou seja, a filosofia é uma coleção de discursos, nenhum dos quais é a verdade substancial, que desvela o real.
A Filosofia tem muitas respostas mas não tem a resposta. Isso incomoda muita gente.
Dizem que de perto ninguém é normal. Com o filósofo, pode-se dizer o inverso: de longe, parece louco, mas de perto até que é normal: há lógica em sua loucura.
Qual é então o sentido do filosofar e do ensinar filosofia?
Para mim, o de dialogar em vista de um fim – a busca da verdade mesma, do sentido do real -, mas sabendo que o fim do diálogo se põe no que não tem fim e que, portanto, o próprio diálogo é infinito, e assim, se o interrompemos depois de algum tempo, fazemos apenas isso: nós o interrompemos, nunca acabamos, jamais o terminamos.