quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Conceitos estruturadores da Filosofia


A Filosofia auxilia o aluno a lançar outro olhar sobre o mundo e a transformar a experiência vivida numa experiência compreendida.
A verdadeira filosofia consiste em reaprender a ver o mundo. (Merleau-Ponty, filósofo)
O professor de filosofia é o mediador entre o educando e o texto filosófico. Mas essa mediação exige duas demandas contraditórias: ele deve ter a capacidade de comunicar didaticamente – de forma acessível ao aluno – o pensamento filosófico e, ao mesmo tempo, de preservar a autenticidade desse pensamento.
Eis o desafio: encontrar algum canal de articulação entre simplificação e complexidade.
O que está em jogo é a autonomia intelectual do aluno. Para atingir esse objetivo o professor de filosofia precisa direcionar seu trabalho no sentido de promover a passagem da simplificação para a complexidade. O instrumento  apropriado para essa transição é o contato direto com os textos filosóficos.
Recomendo aos meus alunos que leiam o texto “Tratado da Natureza Humana” (Da origem de nossas idéias), do filósofo David Hume. Na biblioteca nossa, é só consultá-lo na apostila vol.III (capa verde), Filosofia e Vida, pág.38-42.
À medida que o aluno desenvolve a competência de realizar uma leitura significativa dos textos filosóficos, o profº pode ampliar esse processo oferecendo outros textos de diferentes estruturas e registros, tais como artigo de jornal, poesia, romance, programa de televisão, filme, peça teatral, música, pintura, propaganda, texto científico, etc.
Quero alertar meus alunos: “Não se ensina Filosofia, ensina-se a filosofar”.(Kant)
Uma das competência fundamentais para filosofar é a “Representação e comunicação”, exercitada principalmente por meio do debate, pela defesa dos pontos de vista baseada em argumentos que poderão ser mudados em face a argumentos mais consistentes. Também é importante que o aluno produza por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo (durante a explicação do profº, na aula).
O exercício da reflexão filosófica sobre os temas da existência humana pressupõe a mediação de conceitos e categorias que não brotam espontaneamente. O que é o conceito?
Segundo o dicionário de português (autora Ruth Rocha, Ed. Scipione): 1 – Aquilo que o entendimento concebe. 2 – Idéia, juízo, opinião.
Sendo o conceito uma idéia abstrata e geral sobre algo, quero insistir: “Os conceitos são necessários para o filosofar”. Vejamos um exemplo: “o Absurdo” – o absurdo é a relação pela qual o ser humano percebe, espantado, que não há resposta. (cf. A filosofia e seu ensino – Caminhos e sentidos. Renê Trentin e Roberto Goto [orgs.]. Ed. Loyola).
Ouvimos hoje os que “fazem filosofia” dizerem: não há a verdade, mas verdades; não há senão discursos, ou seja, a filosofia é uma coleção de discursos, nenhum dos quais é a verdade substancial, que desvela o real.
A Filosofia tem muitas respostas mas não tem a resposta. Isso incomoda muita gente.
Dizem que de perto ninguém é normal. Com o filósofo, pode-se dizer o inverso: de longe, parece louco, mas de perto até que é normal: há lógica em sua loucura.
Qual é então o sentido do filosofar e do ensinar filosofia?
Para mim, o de dialogar em vista de um fim – a busca da verdade mesma, do sentido do real -, mas sabendo que o fim do diálogo se põe no que não tem fim e que, portanto, o próprio diálogo é infinito, e assim, se o interrompemos depois de algum tempo, fazemos apenas isso: nós o interrompemos, nunca acabamos, jamais o terminamos.