Falando sobre o projeto “Filosofia e Rock no Mocam”
Ao perceber que alguns alunos traziam seus violões
para a escola e ficavam tocando e cantando durante o horário do intervalo, não
pensei duas vezes em convidá-los para uma participação especial em um mini-projeto
intitulado “Filosofando com nossos pais na escola”, realizado no 3º bimestre
com os alunos de minha sala de coordenação 1º E.
A experiência foi tão boa que resolvi
desenvolver um novo projeto com as duas salas dos alunos que tiveram participação
especial naquele outro, são as turmas “A” e “C” do 2º ano. Após a leitura de um
artigo da revista Filosofia Ciência e Vida (jul./2014), abordando sobre os
pontos de convergência entre a filosofia e o rock, resolvi desenvolver um
projeto interdisciplinar, envolvendo as disciplinas filosofia, sociologia e
história. As aproximações entre filosofia e o rock são inúmeras. No entanto
daremos ênfase à característica principal de ambos: a crítica, algo que também
é inerente da personalidade do jovem. É bom lembrar a todos que Sócrates tem
como característica principal que o aproxima do rock a provocação. Sócrates era
um provocador. Precisamos despertar em nossos jovens alunos o espírito
provocativo e questionador.
Antônio Carlos e Milton Fernandes, no
livro “Movimentos culturais de juventude”, escrevem: “Como muitos outros jovens
norte-americanos do seu tempo, Bob Dylan mostrava-se desencantado com o mundo
que os homens construíram – olhando a sua volta, lendo jornais e vendo
noticiários da tevê, ele sentia que as coisas não estavam tão maravilhosas como
as pessoas no poder apregoavam.” (p.53). Apesar de já transcorrido 40 anos ,
onde a revista RollingStone publicou recentemente uma edição comemorativa dos
40 anos após a morte desse grande ícone do rock. Constatamos que muita coisa
ainda resta por fazer. Falamos de direitos humanos, mas muitos direitos básicos
ainda são negados, seja na área da saúde, da segurança, do transporte público
de qualidade, só para citar alguns.
Prossegue os professores Antônio Carlos
e Milton Fernande: “Ouvir rock, informar-se sobre as idéias e atitudes de seus
músicos, tentando tocar e ser como eles, tornou-se uma forma de contestar, de
procurar um novo objeto, um novo ideal.” (idem, p.104). Penso que uma das
atribuições nossas como educadores é sermos motivadores de sonhos. Esse
projeto, no início pareceu muito utópico, mas devido a persistência de todos
aqueles envolvidos – professores, alunos e funcionários deixou o plano mental,
esboçado no papel, para materializar-se e ganhar vida nesta última semana, do
penúltimo mês do ano letivo de 2014.
Os trabalhos serão apresentados
intercalando-se: exposição de pesquisas de diversos temas e contextualização do
rock, seguida de apresentação musical da banda, composta por alunos do 2º ano
“A” e “C”.