Prepare-se, a reflexão filosófica vai começar. A ideia de redigir esse texto surgiu num domingo, em
março, último domingo do mês, manhã de outono. O silêncio não era total porque aqui é acolá
ouvia-se aves cantando: galo, bem-ti-vi, ou ainda cachorros, confinados em suas casas, latindo. É o
ciclo da vida: cada um fazendo a sua parte. Preparado para refletir caro leitor (a)? Segundo a autora do livro "Perdas Necessárias", Judith Viorst, algumas perdas na vida são
inevitáveis e importantes durante nossa existência. Eis alguns exemplos: 1 - Perdemos o ventre
materno, somos lançados ao mundo, choramos porque queremos isso, aquilo e muito mais; 2-
Perdemos a infância pois passamos pela fase adulta, as brincadeiras tornam-se escassas, muitos
amigos do tempo de criança vão ficando para trás; 3 - às vezes perdemos nossos avós, deixando um
vazio em nossos corações. É o ciclo da vida: nossa finitude. 4 - ultimamente perdemos
voluntariamente nossa liberdade de locomoção em vista de um bem maior: nossa vida e a do outro;
5 - alguns têm perdido o emprego; 6 - outros, a esperança, ou ainda, a fé. Vivemos num emaranhado de dúvidas, incertezas e perplexidade. A ciência que quase sempre nos
oferecia respostas agora se cala diante desse vírus. Na Itália os médicos se depararam com um dilema moral: quem vai viver, isto é, terá acesso aos
respiradores, os jovens, ou os idosos? - Sabemos que ambos têm o direito à vida, porém não existe
aparelhos suficientes para todos. Quantas vezes tenho falado em sala de aula que precisamos exercitar nossa autonomia, ou seja,
fazer a nossa parte, não esperar que nossos pais e/ou professores falem o que fazer. Todos nascem,
segundo o filósofo Immanuel Kant, com o dever moral de fazer a coisa certa. O que é certo nesse
momento? - "Ficar em casa"! Dedico essa breve reflexão filosófica aos meus queridos alunos e alunas das escolas onde leciono.
Prof. Claudio Gomes
Prof. Claudio Gomes