A Filosofia auxilia o aluno a
lançar outro olhar sobre o mundo e a transformar a experiência vivida numa
experiência compreendida.
A verdadeira filosofia consiste
em reaprender a ver o mundo. (Merleau-Ponty, filósofo)
O professor de filosofia é o
mediador entre o educando e o texto filosófico. Mas essa mediação exige duas
demandas contraditórias: ele deve ter a capacidade de comunicar didaticamente –
de forma acessível ao aluno – o pensamento filosófico e, ao mesmo tempo, de preservar
a autenticidade desse pensamento.
Eis o desafio: encontrar algum
canal de articulação entre simplificação e complexidade.
O que está em jogo é a autonomia
intelectual do aluno. Para atingir esse objetivo o professor de filosofia
precisa direcionar seu trabalho no sentido de promover a passagem da
simplificação para a complexidade. O instrumento apropriado para essa transição é o contato
direto com os textos filosóficos.
Recomendo aos meus alunos que
leiam o texto “Tratado da Natureza Humana” (Da origem de nossas idéias), do
filósofo David Hume. Na biblioteca nossa, é só consultá-lo na apostila vol.III
(capa verde), Filosofia e Vida, pág.38-42.
À medida que o aluno desenvolve a
competência de realizar uma leitura significativa dos textos filosóficos, o
profº pode ampliar esse processo oferecendo outros textos de diferentes
estruturas e registros, tais como artigo de jornal, poesia, romance, programa
de televisão, filme, peça teatral, música, pintura, propaganda, texto
científico, etc.
Quero alertar meus alunos: “Não
se ensina Filosofia, ensina-se a filosofar”.(Kant)
Uma das competência fundamentais
para filosofar é a “Representação e comunicação”, exercitada principalmente por
meio do debate, pela defesa dos pontos de vista baseada em argumentos que poderão
ser mudados em face a argumentos mais consistentes. Também é importante que o
aluno produza por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo (durante a
explicação do profº, na aula).
O exercício da reflexão
filosófica sobre os temas da existência humana pressupõe a mediação de
conceitos e categorias que não brotam espontaneamente. O que é o conceito?
Segundo o dicionário de português
(autora Ruth Rocha, Ed. Scipione): 1 – Aquilo que o entendimento concebe. 2 –
Idéia, juízo, opinião.
Sendo o conceito uma idéia
abstrata e geral sobre algo, quero insistir: “Os conceitos são necessários para
o filosofar”. Vejamos um exemplo: “o Absurdo” – o absurdo é a relação pela qual
o ser humano percebe, espantado, que não há resposta. (cf. A filosofia e seu
ensino – Caminhos e sentidos. Renê Trentin e Roberto Goto [orgs.]. Ed. Loyola).
Ouvimos hoje os que “fazem
filosofia” dizerem: não há a verdade, mas verdades; não há senão discursos, ou
seja, a filosofia é uma coleção de discursos, nenhum dos quais é a verdade substancial,
que desvela o real.
A Filosofia tem muitas respostas
mas não tem a resposta. Isso incomoda muita gente.
Dizem que de perto ninguém é
normal. Com o filósofo, pode-se dizer o inverso: de longe, parece louco, mas de
perto até que é normal: há lógica em sua loucura.
Qual é então o sentido do
filosofar e do ensinar filosofia?
Para mim, o de dialogar em vista
de um fim – a busca da verdade mesma, do sentido do real -, mas sabendo que o
fim do diálogo se põe no que não tem fim e que, portanto, o próprio diálogo é
infinito, e assim, se o interrompemos depois de algum tempo, fazemos apenas
isso: nós o interrompemos, nunca acabamos, jamais o terminamos.
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