domingo, 23 de novembro de 2014

Falando sobre o projeto “Filosofia e Rock no Mocam”

            Ao perceber que alguns alunos traziam seus violões para a escola e ficavam tocando e cantando durante o horário do intervalo, não pensei duas vezes em convidá-los para uma participação especial em um mini-projeto intitulado “Filosofando com nossos pais na escola”, realizado no 3º bimestre com os alunos de minha sala de coordenação 1º E.
         A experiência foi tão boa que resolvi desenvolver um novo projeto com as duas salas dos alunos que tiveram participação especial naquele outro, são as turmas “A” e “C” do 2º ano. Após a leitura de um artigo da revista Filosofia Ciência e Vida (jul./2014), abordando sobre os pontos de convergência entre a filosofia e o rock, resolvi desenvolver um projeto interdisciplinar, envolvendo as disciplinas filosofia, sociologia e história. As aproximações entre filosofia e o rock são inúmeras. No entanto daremos ênfase à característica principal de ambos: a crítica, algo que também é inerente da personalidade do jovem. É bom lembrar a todos que Sócrates tem como característica principal que o aproxima do rock a provocação. Sócrates era um provocador. Precisamos despertar em nossos jovens alunos o espírito provocativo e questionador.
         Antônio Carlos e Milton Fernandes, no livro “Movimentos culturais de juventude”, escrevem: “Como muitos outros jovens norte-americanos do seu tempo, Bob Dylan mostrava-se desencantado com o mundo que os homens construíram – olhando a sua volta, lendo jornais e vendo noticiários da tevê, ele sentia que as coisas não estavam tão maravilhosas como as pessoas no poder apregoavam.” (p.53). Apesar de já transcorrido 40 anos , onde a revista RollingStone publicou recentemente uma edição comemorativa dos 40 anos após a morte desse grande ícone do rock. Constatamos que muita coisa ainda resta por fazer. Falamos de direitos humanos, mas muitos direitos básicos ainda são negados, seja na área da saúde, da segurança, do transporte público de qualidade, só para citar alguns.
         Prossegue os professores Antônio Carlos e Milton Fernande: “Ouvir rock, informar-se sobre as idéias e atitudes de seus músicos, tentando tocar e ser como eles, tornou-se uma forma de contestar, de procurar um novo objeto, um novo ideal.” (idem, p.104). Penso que uma das atribuições nossas como educadores é sermos motivadores de sonhos. Esse projeto, no início pareceu muito utópico, mas devido a persistência de todos aqueles envolvidos – professores, alunos e funcionários deixou o plano mental, esboçado no papel, para materializar-se e ganhar vida nesta última semana, do penúltimo mês do ano letivo de 2014.
         Os trabalhos serão apresentados intercalando-se: exposição de pesquisas de diversos temas e contextualização do rock, seguida de apresentação musical da banda, composta por alunos do 2º ano “A” e “C”.